BIM em obras públicas

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BIM em obras públicas

A ascensão do BIM na última década ao redor do mundo foi inevitável, essa nova maneira de projetar e construir se tornou o futuro para esse ramo. E o Brasil buscando acompanhar o mercado contou com o poder público, portanto neste artigo iremos abordar sobre o uso do BIM em obras públicas.

Após aprovação e publicação oficial do DECRETO BIM (2020), o assunto “BIM” ganhou o “empurrão” necessário para se enraizar na indústria da construção civil, entretanto a aderência ao BIM no Brasil ainda é baixa (segundo o Governo Federal, apenas 5% do PIB da Construção Civil adotam o BIM), e o plano estratégico define a implementação completa até  2028.

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Decreto BIM// Fonte: Diário Oficial

Entre as metas estipuladas para implantação do BIM em obras públicas, está a de aumentar em 10 vezes o número de usuários, de forma que 50% do PIB da Construção Civil tenha adotado a metodologia até 2024. As diretrizes sempre oferecem um tempo para a adaptação do mercado, para que as empresas dominem e apliquem os processos com eficiência cada vez maior.

Contudo a indústria da AECO enfrenta dificuldades para a difusão por acreditar que: “tempo de projeto é tempo perdido” quando na verdade, quanto melhor detalhado for o modelo, melhor serão os índices de assertividade tanto no quantitativo quanto na execução do projeto. E isso já se comprova nos diversos países onde o BIM é uma realidade consolidada. A forma de projetar e construir mudou, e com isso os atributos necessários aos profissionais da área também mudaram. Esse tempo de travessia que carrega mudanças, de processos, equipamentos, e estruturas hierárquicas precisa ser realizado com um comprometimento de todo o setor, incentivado e apoiado pelo poder público e privado.

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Dimensões do BIM | Fonte: SPBIM

A obrigatoriedade do BIM nas licitações públicas, através das suas características, tem como resultado dificultar significativamente manobras de corrupção/superfaturamento, diminuindo os atrasos por imprevistos de execuções, e reduzindo os aditivos orçamentários entre fase inicial e final de obra.

Visando essa transparência, a implantação exige a apresentação do modelo BIM na proposta de cada um dos concorrentes, evidenciando não só o modelo, como também o planejamento de execução através de simulações do BIM 4D, e apresentando o fluxo de caixa através do BIM 5D. Utilizando todos os elementos para demonstrar uma análise detalhada de risco envolvida na execução do serviço. Não importando a escala do empreendimento, seja ele uma estação de tratamento de água, ou uma escola.

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Usos do BIM// Fonte: Caderno de Projetos em BIM

Além de que a normativa prevê a disponibilidade dos Modelos BIM para consulta e pesquisa pelas entidades de classe e tribunais, com plena transparência, e informação em tempo real, com menor custo e maior entendimento sobre o processo.

Assim o setor apresentaria menos desperdícios e retrabalho, o que segundo estudos contratados pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) faria com que o uso do recurso reduzisse o custo em até 20%, se comparado com o atual cenário de licitações e fiscalizações públicas.

IMPLEMENTAÇÃO BIM EM OBRAS PÚBLICAS: SANTA CATARINA

O estado de Santa Catarina foi o primeiro a implantar obrigatoriedade dos modelos BIM em licitações de obras públicas. O Governo do estado através da Gerência de Obras e Manutenção da Secretaria de Saúde de Santa Catarina (GEOMA/SES) licitou a partir do BIM pela primeira vez  em 2015, para construção do Instituto de Cardiologia de São José, o projeto pertence ao ATO 9 Arquitetura.

O processo desenvolvido pelo GEOMA/SES  para licitar esse projeto, em 2018, resultou no primeiro lugar do 1º Prêmio BIM da Administração Pública, já que a escolha reduziu em quase 30% o valor total da obra.

Segundo a secretaria de estado da saúde de Santa Catarina, o modelo BIM entregue pela ATO 9 Arquitetura realizado no REVIT, foi de extrema importância pois o projeto tinha como uma das maiores condicionantes o levantamento topográfico que previu uma pedra que impossibilitava um terceiro subsolo, e o modelo em BIM ajudou nos diferentes orçamentos para cada uma das soluções previstas.

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Instituto de Cardiologia de São José// Fonte: ATO9

Outro grande exemplo de projetos que foram para licitação com base na modelagem BIM foi o aeroporto de Florianópolis, em janeiro de 2018 a Racional Engenharia ganhou uma licitação para construção de um novo terminal e uma readequação de vias de acesso para aeronaves.

A licitação tinha como foco as simulações de planejamento com BIM 4D, e a empresa ganhou o processo com o planejamento de 15 meses, e teve sua entrega em maio de 2019 conforme o planejamento previsto em licitação.

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Novo Terminal do Aeroporto Hercílio Luz/ Zurich Airport

A PADRONIZAÇÃO DO BIM NAS OBRAS PÚBLICAS NO BRASIL

Apesar dos diversos manuais que definem o projetar em BIM, como o recém publicado (junho de 2020), “CADERNO DE PROJETOS EM BIM” feito pelo departamento de Habitação da Prefeitura de São Paulo, no Brasil ainda não existem leis específicas para regulamentar um método padrão para os modelagem/modelos em BIM.

Contudo existem cinco normas desenvolvidas pela ABNT/CEE, que ainda não são obrigatórias, mas são voltadas para padronização e Modelagem de Informação da Construção:

  • ABNT NBR ISO 12006-2:2018 Construção de edificação — Organização de informação da construção. Parte 2: Estrutura para classificação de informação;

Fala sobre o desenvolvimento de sistemas de classificação do ambiente construído. Identifica um conjunto de títulos de tabelas de classificação, recomendadas para uma variedade de classes de objetos da construção, de acordo com pontos de vista diversos e particulares, por exemplo, pela forma ou pela função. Apresenta também como as classes dos objetos, em cada tabela, estão relacionadas como uma série de sistemas e subsistemas, por exemplo, em um modelo de informação da construção.

  • ABNT NBR 15965-1:2011 Sistema de classificação da informação da construção. Parte 1: Terminologia e estrutura;

Define a terminologia, os princípios do sistema de classificação e os grupos de classificação para o planejamento, projeto, gerenciamento, obra, operação e manutenção de empreendimentos da construção civil.

  • ABNT NBR 15965-2:2012 Sistema de classificação da informação da construção. Parte 2: Características dos objetos da construção;

Assim como a ABNT NBR 15965-1:2011, ela também define terminologia, entretanto seu foco é na caracterização/parâmetros dos objetos.

  • ABNT NBR 15965-3:2014 – Sistema de classificação da informação da construção. Parte 3: Processos da construção;

Define a estrutura de classificação que os processos da construção, para aplicação na tecnologia de modelagem da informação da construção, pela indústria de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC).

  • ABNT NBR 15965-7:2015 – Sistema de classificação da informação da construção. Parte 7: Informação da construção.

Apresenta a estrutura de classificação que define as informações (ou dados referenciados e utilizados durante o processo de criação e manutenção de um objeto construído) para aplicação na tecnologia de modelagem da informação da construção, pela indústria de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC).

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Manuais BIM | Fonte: SPBIM

SAIBA MAIS SOBRE: MANUAIS BIM

Para um implantação e implementação efetiva no país, a padronização é crucial, para que os projetos realizados em território nacional tenham uma qualidade reconhecida e possam ser devidamente regulamentados nos mais diversos âmbitos que o tocam, desde a concepção até a administração da vida útil do empreendimento.

CONCLUSÃO:

A implementação do BIM em obras públicas tende a ser uma das maiores conquistas do setor AECO, já que a sua obrigatoriedade será um fator importante para acelerar a implantação do BIM no Brasil, além de facilitar na detecção de erros ainda na fase projetual, resultando em grande economia de tempo, recursos e custos, transparecendo todas as possíveis fraudes e corrupções por trás dos públicos.