BIM Para Patrimônio Histórico

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A preservação e manutenção de nossos edifícios dos patrimônios históricos são relevantes para a história e cultura de uma nação tão rica como o Brasil na construção civil, são edificações que marcaram uma época e foram de suma importância para o desenvolvimento arquitetônico de nossas cidades. Porém infelizmente muitos desses edifícios históricos se encontram em situações de conservação no mínimo ruins, além de muitos deles não se encontrarem sequer cadastrados em nosso sistema de patrimônio histórico, dentro de toda essa situação que o modelo BIM ou HBIM (Historic building information modelling) se encontra como uma ferramenta especialmente útil para o cadastro e conservação desses mesmos edifícios.

Teatro Municipal de Sao Paulo
Teatro Municipal de São Paulo / Fonte: Wikipédia

Um dos primeiros processos dados para uma manutenção e possível restauração é o levantamento do maior número de informações sobre o edifício, informações sobre sua estrutura e danos sofridos durante os anos, esses levantamentos são utilizados para a criação de um mapa de danos (mapa onde se é demonstrado de modo gráfico as informações quantitativas e qualitativas de danos e degradação do edifício assim tornando mais fácil e possível de se realizar um plano de restauração).

Justamente nesses processos que a metodologia BIM seria extremamente útil, pela sua capacidade de quantificar e especificar os materiais o “I” do BIM sendo necessários para sua restauração, além de se ter um modelo 3D parametrizado ser extremamente útil no momento de explorar possibilidades de restauração do edifício. Nesse modelo diversos patrimônios históricos já foram restaurados utilizando o BIM tendo se provado uma ferramenta que economiza tempo e dinheiro para o estado , além de agilizar os processos da obra como é o caso do BIM 7D (Operação e Manutenção) por exemplo.

Mapa de Danos
Mapa de Danos / Fonte: GIM International

Em outros processos dentro dos patrimônios históricos o BIM é muito útil como na simulação e clash detection e complicações na obra sendo possível com um programa como o Navisworks simular todos os processos da obra assim tornando ela mais segura e eficiente. Outro processo utilizado em patrimônios históricos é o Retrofit que seria a restauração e adequação de um edifício histórico com novas tecnologias com a finalidade de se ter uma nova utilização do mesmo, trazendo nova relevância para o patrimônio, dentro desse processo podemos utilizar uma Nuvem de Pontos, com equipamentos drones em áreas externas, o mapeamento de laser scanner em áreas internas como o matterport por exemplo, seria de suma importância para o processo, pois no Retrofit e em todos os outros processos de patrimônio histórico o registro e compilação de dados sobre o edifício é essencial para sua boa restauração e entendimento das possíveis intervenções no mesmo dentro desse levantamento é necessário uma análise da proposta de retrofit para constatar se ela é estruturalmente viável ou não, dentro dessa lógica o modelo BIM ajuda muito pela sua capacidade de processar e exibir em múltiplas vistas todas as informações coletadas, além de dentro de um software BIM ser possível analisar e simular todas as soluções estruturais propostas ao edifício facilitando na documentação e quantificação BIM.

Nuvem de Pontos
Nuvem de Pontos / Fonte: BibLuz

No modelo BIM também é possível criar uma inteligência de dados onde projetistas e futuros restauradores do edifício podem ter informações como a durabilidade de um revestimento específico ou da restauração como um todo. Assim, tem-se um maior controle e planejamento sobre o patrimônio. Isso mostra que o modelo BIM é aplicável e muito útil em todas as etapas do projeto: desde o levantamento de dados, o projeto de restauração (retrofit), simulação de soluções estruturais , gerenciamento e planejamento de obras, gerenciamento de dados sobre futuras manutenções e  representações gráficas de todas as informações obtidas por meio de levantamentos. Essas informações e funcionalidades se encontram em um só arquivo, o Modelo Federado, este tem a função de ser o repositório das informações e de compatibilizar todas as disciplinas  auxiliando na revisão do projeto e aprovação, tornando todo o processo mais ágil e seguro. Neste ponto, será necessário pensar no CDE (Ambiente Comuns de Dados), este hospeda os modelos; é necessário também pensar na forma como serão armazenados o banco de dados em um repositório da cidade (GeoSampa, por exemplo); questões como um Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED); servidores na nuvem e não podemos ignorar a necessidade da integração com o Gêmeo Digital (Digital Twin), VDC (Virtual Design Construction), Smart City e a Internet das Coisas. Estes são assuntos que provavelmente serão discutidos no futuro pós-implantação BIM, porém é necessário sempre ter em mente o trabalho colaborativo e direcionado ao OPEN BIM.

Conclusão:

Os processos envolvendo um patrimônio histórico são extremamente complexos e requerem um nível enorme de atenção, planejamento e responsabilidade com os edifícios sendo restaurados pois se trata de nossa história como sociedade, sendo assim o modelo BIM trás inúmeras vantagens em todos os processos agilizando e tornando os mesmos mais seguros tanto para o patrimônio. O Decreto BIM Nº10.306 será um item muito relevante pensando na implantação BIM no Brasil visando desde o BIM 3D (Projetos) como o BIM 4D (Planejamento) e BIM 5D (Orçamento) e após a consolidação dessas dimensões a questão de operação e manutenção BIM 7D dos patrimônios, e isso vale para os patrimônios históricos por exemplo. Além de ser um ótimo serviço para se ter dados detalhados e atualizados sobre os estados de conservação e necessidade de manutenção, o modelo BIM nos ajudara a acelerar no sentido da restauração e conservação de todos os edifícios históricos presentes em nossas cidades que atualmente são largados e muitas vezes demolidos ou renovados.